Entre Encontros e Despedidas: a beleza das rotinas compartilhadas.
- Horizonte Coliving

- 10 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de set.
Há gestos que, sem perceber, definem um lar. No nosso caso, um desses gestos tem som: alguém abrindo a porta e gritando “Ô de casa!”. É simples, é quase automático, mas carrega uma assinatura de pertencimento. Viver em um coliving é colecionar esse tipo de gesto: pequenas rotinas que, ao se repetirem, moldam o dia a dia e os laços entre pessoas que, muitas vezes, chegaram ali sem saber quanto tempo ficariam.
Neste texto queremos falar sobre uma dessas rotinas e sobre como ela nos ajudou a entender o que é morar junto no Horizonte: as chegadas, os rituais espontaneamente criados e, por fim, as despedidas que transformam pequenas rotinas em grandes saudades.
A história do Tunico

Luis Felipe, conhecido por todos pela alcunha de Tunico, entrou aqui cedo, logo no segundo mês em que abrimos as portas. Ele já era antigo amigo dos criadores do Horizonte e vinha de uma casa que dividia com outra pessoa. Tunico tinha um plano: queria alugar seu próprio apartamento. Mas antes de pular para esse momento, resolveu viver uma temporada em uma comunidade que dava seus primeiros passos. Vinha sem grandiosas pretensões, só com vontade de conviver, fazer música e partilhar momentos.
O gesto que virou marca foi simples e repetido: ao chegar do trabalho e abrir a porta da sala, soltava o seu “Ô de casa!”. A voz imponente, alta o bastante para reverberar pelas paredes, subia o pé-direito duplo da sala e chegava às portas dos quartos. Quem estivesse com a porta aberta respondia em bom mineirês com um:"Aô". Aquele grito era mais que um aviso de chegada, era um convite para um encontro.
Tunico também trouxe música, e muita! Sempre que havia mais de um instrumento musical em uso, ele aparecia para somar. Quando comprava um vinil novo, ele tirava o disco da capa e convidava todo mundo para ouvir pela primeira vez. A vitrola virou altar de descoberta: o estalo do agulha, o começo do primeiro acorde, os silêncios entre faixas que ninguém se atrevia a quebrar. A música no Horizonte, com a ajuda do Tunico, transbordou os sentidos e passou a ser um momento de conexão entre os moradores.
O significado das rotinas no Horizonte Coliving
Rotina no Horizonte Coliving não é apenas um cronograma que se repete: é um tipo de linguagem. O “ô de casa” é uma expressão que ora diz “cheguei”, ora diz “aqui há alguém”. Essas repetições criam expectativas: sabe quando você aparece na casa e, sem combinar, parece que alguém já esperava por você?
Se você é viajante e está apenas de passagem por m novo destino, aí está uma grande diferença entre ficar em um coliving, ao invés de um hotel, um hostel ou um airbnb: a vivência das rotinas locais. Num hostel você cruza trajetórias, no coliving as trajetórias alheias viram ponto de retorno. Você não só divide espaço, mas participa do tempo do outro. E é por isso que o dia-a-dia vira memória: as pequenas cerimônias, como um vinil novo, um “ô de casa”, uma refeição em grupo improvisada, tudo se transformam em tela onde cada morador pinta um pouco de si.
As despedidas
Coliving é, por natureza, lugar de transição, lugar de encontros e de partidas. Pessoas entram para temporadas curtas e, ainda assim, fazem lugares inteiros com seu jeito. Quando chega a hora de partir, a intensidade do laço aparece com força. A despedida do Tunico não foi só um até logo, foi uma celebração das memórias que ficaram: os discos que tocamos, as noites em que a sala virou palco, as conversas que rasgaram madrugada.
A festa de despedida, aconteceu entre a vitrola e a churrasqueira, foi o gesto final da construção de uma memória coletiva. É bonito e dói ao mesmo tempo. Saudade, aqui, não é só sentimento melancólico, é a certidão de que algo importante aconteceu. E o mais curioso: quem parte muitas vezes não some. Tunico seguirá na cidade, continuará vindo, continuará trazendo discos. Ele deixa de ser morador para ser membro da comunidade.
O eco do "Ô de casa"
No fim das contas, talvez o que define um coliving sejam esses pequenos rituais que nos humanizam uns para os outros. O “ô de casa” vira conversa, a vitrola vira música, e a despedida vira celebração, porque a gente aprendeu a reconhecer o valor da presença e da ausência.
Se você já morou com outras pessoas, provavelmente tem um som, um cheiro, um gesto que te leva de volta a um lar que não era só seu. Se ainda não, mas sente vontade de morar no Horizonte Coliving, talvez a pergunta que fica seja: que pequenas rotinas você deixaria ecoar pela casa se morasse aqui?
E se quiser, um dia a gente te apresenta ao Tunico, ele certamente estará aguardando um vinil novo para chegar na caixa de correios.










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